Os cinemas de São Paulo I – Av. Paulista e Região
Pretendo fazer aqui um
roteiro das salas de cinema que frequentei na São Paulo nos anos 60 e 70, não
deixando de lembrar também: restaurantes, bares, livrarias, lojas de discos,
etc. que se situavam nos arredores das salas de exibição e que mereçam a
citação.
O primeiro cinema em shopping que frequentei foi no Shopping Ibirapuera em 1977. Lembro-me que era um domingo e só o cinema abria e não o shopping e seu estacionamento. Tive que deixar o carro bem longe, porque na região o estacionamento já era difícil naquela época. Só alguns anos mais tarde, os shoppings de São Paulo adotaram o habito de abrir aos domingos. Não cito mais cinemas em Shoppings porque só passaram a dominar a exibição na cidade a partir da década de 80.
Pela quantidade de cinemas e pela capacidade de algumas salas, relacionados nas postagens que virão a seguir, dá para se ter uma ideia de como essa diversão era popular e importante naquela época. A capacidade dos cinemas variava de 800 até 4324 lugares. E mesmo assim eram comuns salas totalmente lotadas e grandes filas na porta. Assisti muito filme sentado nos degraus dos corredores, ou em pé no parapeito após a última fileira, logo atrás das cortinas de entrada.
A sala de um cinema era naquela época um dos poucos lugares que um casal de namorados podia ter alguma intimidade. Era escura, todos estavam com atenção na tela; então o namoro rolava solto quando não era bruscamente interrompido pelo lanterninha, que era um funcionário do cinema que usava uma farda cheia de botões dourados e portava uma lanterna para indicar os lugares vagos a quem chegasse após o início das sessões, também tinha a função de coibir os abusos dos casais.
A sessão de cinema se iniciava com a exibição de um documentário chamado “Canal 100” com os acontecimentos da semana no mundo do esporte e um documentário de “Primo Carbonari” que enaltecia os feitos da ditadura militar que imperava no país naquela época. Mostrava as grandes obras, a Transamazônica, Tucuruí, etc. Passava-se uma ideia de que o país estava transformando-se numa grande potência mundial. Metia-se a mão no dinheiro público exatamente como é hoje, a única diferença era que a imprensa nada informava, porque estava sob censura, aliás, no inicio de cada sessão era exibido na tela o certificado de censura referente ao filme que seria exibido, trailers, seriados, reportagens, etc. Tudo obrigatoriamente tinha que passar pela censura, antes de ser exibido.
Nas sessões da tarde (matinés) aos domingos, nos cinemas de bairro passava sempre um seriado, predominavam os bang bangs: Roy Rogers, Jim das Selvas, Flash Gordon, Zorro, X 9, Rin Tin Tin e Tarzan, eram alguns deles. O objetivo era fazer o pessoal voltar na semana seguinte para ver a continuação. O seriado era sempre interrompido numa cena importante de grande impacto.
A figura do leão rugindo lembrava logo o leão da “Metro” que quando o filme era dessa produtora aparecia no centro do logotipo rugindo.
Outra produtora, a “Condor Filmes” mostrava a figura de um condor que alçava voo do alto de uma montanha e escrevia na tela as palavras “Condor Filmes” e a plateia sussurrava: “Shhsss, Shhsss” para espantar o condor e se iniciasse logo o filme.
Nesta primeira postagem focalizo a região da Av. Paulista. Logo virão outras:II – Av. São João e região.III – Pça da Sé e região.IV – Av. Liberdade, Vergueiro, Jabaquara e regiãoV – Brás e região
Na Rua da Consolação nº 2068, esquina com a Rua Maceió existe ainda hoje o “Bar das Putas”, lógico que o local tem outro nome: “Sujinho” mas nos anos 60 era conhecido pelo primeiro nome mesmo. Ficava e ainda fica aberto a madrugada toda e o destaque é a bisteca na brasa. Há uma filial na Av. Rio Branco, esquina com a Av. Ipiranga.
Teatro Record – Rua da Consolação 2036 – Era lá que era gravado o programa “Jovem Guarda” do Roberto Carlos transmitido todos os domingos à tarde. Abrigou também Festivais de MPB da TV Record. Foi destruído por um incêndio e desativado em 1969.
Cine
Trianon – Rua da Consolação 2423, depois Cine Belas Artes até o fechamento recente.
Cine Bristol (Center 3) Av. Paulista 2064 – Tinha uma sala de espera com réplicas de armaduras medievais e vitrais representando um castelo britânico.
Cine Center (Center 3) Av. Paulista 2064 – Na sala de espera tinha um assoalho pintado de verde envernizado, muito bonito.
Cine
Majestic – Rua Augusta 1475 – Mudou de nome para “Espaço Unibanco de Cinema” e logo em
seguida para “Espaço Itaú de Cinema”.
É um dos poucos que continua em atividade.
Cine
Astor (Conj. Nacional) Av. Paulista 2073 – Era muito
confortável, foi lá que assisti “A Dolce Vita” e “Love Story”. Hoje o espaço é
usado pela “Livraria Cultura”.
Cine Rio (Conj. Nacional) Av. Paulista 2073 – Era um bom cinema e creio que ainda é, agora chama-se “Cine Livraria Cultura”.
No saguão do Conjunto Nacional, era rara a semana que não tinha alguma exposição rolando, seja de fotos ou até de carros antigos.
Não posso deixar de citar também o “Restaurante Fasano” que infelizmente se mudou quando o edifício entrou em decadência no final dos anos 70. Hoje o Conjunto Nacional é um condomínio bem administrado e vem provar que responsabilidade, e competência, sempre dão bons frutos.
Cine Gazeta – Av. Paulista 900 térreo, encontra-se fechado.
Cine
Gazetinha – Av. Paulista 900 subsolo, também se encontra fechado.
Cine
Gazetão – Av. Paulista 900 1º andar, também se encontra fechado
sem previsão de reabrir, como o Gazeta e o Gazetinha.
Cine Gemini – Av. Paulista 807 – Fechou em 2010.
Na Av. Paulista altura do
número 755 havia uma lanchonete chamada “O
Engenheiro que Virou Suco” onde se
serviam sucos das mais variadas frutas. Seu dono um engenheiro que ficou
desempregado como muitos nas recessões maquinadas pelos “crânios” da ditadura
militar. Resolveu mudar de ramo, com sucesso. Na época, final dos anos 70 era
comum encontrar engenheiros dirigindo taxis em São Paulo
Cine Biarritz – Av. Brigadeiro Luiz Antonio 2332 – Inaugurado na década de 70, fui muitas vezes nele, era confortável, mas não me recordo dos filmes que assisti por lá.
Cine Arlequim – Av. Brigadeiro Luiz Antônio 1401 – Neste só passei em frente, foi transformado no “Teatro Bandeirantes”. Posteriormente vi lá uma peça com o Juca de Oliveira mas não me recordo do nome.
Na Praça Oswaldo Cruz, onde
está hoje o “Shopping Paulista”
havia a loja de departamentos “Sears Roebucks”,
com seus corredores muito limpos, sua equipe de funcionários muito bem
treinados, destacando-se a seção de ferramentas com produtos da marca
“Craftsman”, americanas e posteriormente algumas nacionais. Vendiam
eletrodomésticos com marca própria. Eram os mesmos das outras lojas com suas
marcas Arno, Walita, etc. mas na Sears ostentavam a marca “Kenmore”, “Sears” e
outras que não me recordo. Assumiam a garantia das fábricas e atendiam com
equipe própria. Tudo muito eficiente, mas com um marketing feito para o mercado
americano, até as propagandas de jornal eram feitas por uma agência nos States. Havia uma filial no bairro da Água Branca e outra no Rio de Janeiro. Funcionaram até 1987 retirando-se do Brasil definitivamente.
Cine Rex – Rua Rui Barbosa 266 – Cinema grande, 1800 lugares, sala de espera enorme, fechou em 1980, depois “Teatro Zaccaro”.
O primeiro cinema em shopping que frequentei foi no Shopping Ibirapuera em 1977. Lembro-me que era um domingo e só o cinema abria e não o shopping e seu estacionamento. Tive que deixar o carro bem longe, porque na região o estacionamento já era difícil naquela época. Só alguns anos mais tarde, os shoppings de São Paulo adotaram o habito de abrir aos domingos. Não cito mais cinemas em Shoppings porque só passaram a dominar a exibição na cidade a partir da década de 80.
Pela quantidade de cinemas e pela capacidade de algumas salas, relacionados nas postagens que virão a seguir, dá para se ter uma ideia de como essa diversão era popular e importante naquela época. A capacidade dos cinemas variava de 800 até 4324 lugares. E mesmo assim eram comuns salas totalmente lotadas e grandes filas na porta. Assisti muito filme sentado nos degraus dos corredores, ou em pé no parapeito após a última fileira, logo atrás das cortinas de entrada.
A sala de um cinema era naquela época um dos poucos lugares que um casal de namorados podia ter alguma intimidade. Era escura, todos estavam com atenção na tela; então o namoro rolava solto quando não era bruscamente interrompido pelo lanterninha, que era um funcionário do cinema que usava uma farda cheia de botões dourados e portava uma lanterna para indicar os lugares vagos a quem chegasse após o início das sessões, também tinha a função de coibir os abusos dos casais.
A sessão de cinema se iniciava com a exibição de um documentário chamado “Canal 100” com os acontecimentos da semana no mundo do esporte e um documentário de “Primo Carbonari” que enaltecia os feitos da ditadura militar que imperava no país naquela época. Mostrava as grandes obras, a Transamazônica, Tucuruí, etc. Passava-se uma ideia de que o país estava transformando-se numa grande potência mundial. Metia-se a mão no dinheiro público exatamente como é hoje, a única diferença era que a imprensa nada informava, porque estava sob censura, aliás, no inicio de cada sessão era exibido na tela o certificado de censura referente ao filme que seria exibido, trailers, seriados, reportagens, etc. Tudo obrigatoriamente tinha que passar pela censura, antes de ser exibido.
Nas sessões da tarde (matinés) aos domingos, nos cinemas de bairro passava sempre um seriado, predominavam os bang bangs: Roy Rogers, Jim das Selvas, Flash Gordon, Zorro, X 9, Rin Tin Tin e Tarzan, eram alguns deles. O objetivo era fazer o pessoal voltar na semana seguinte para ver a continuação. O seriado era sempre interrompido numa cena importante de grande impacto.
A figura do leão rugindo lembrava logo o leão da “Metro” que quando o filme era dessa produtora aparecia no centro do logotipo rugindo.
Outra produtora, a “Condor Filmes” mostrava a figura de um condor que alçava voo do alto de uma montanha e escrevia na tela as palavras “Condor Filmes” e a plateia sussurrava: “Shhsss, Shhsss” para espantar o condor e se iniciasse logo o filme.
Nesta primeira postagem focalizo a região da Av. Paulista. Logo virão outras:II – Av. São João e região.III – Pça da Sé e região.IV – Av. Liberdade, Vergueiro, Jabaquara e regiãoV – Brás e região
Na Rua da Consolação nº 2068, esquina com a Rua Maceió existe ainda hoje o “Bar das Putas”, lógico que o local tem outro nome: “Sujinho” mas nos anos 60 era conhecido pelo primeiro nome mesmo. Ficava e ainda fica aberto a madrugada toda e o destaque é a bisteca na brasa. Há uma filial na Av. Rio Branco, esquina com a Av. Ipiranga.
Teatro Record – Rua da Consolação 2036 – Era lá que era gravado o programa “Jovem Guarda” do Roberto Carlos transmitido todos os domingos à tarde. Abrigou também Festivais de MPB da TV Record. Foi destruído por um incêndio e desativado em 1969.
Cine Bristol (Center 3) Av. Paulista 2064 – Tinha uma sala de espera com réplicas de armaduras medievais e vitrais representando um castelo britânico.
Cine Center (Center 3) Av. Paulista 2064 – Na sala de espera tinha um assoalho pintado de verde envernizado, muito bonito.
Cine Rio (Conj. Nacional) Av. Paulista 2073 – Era um bom cinema e creio que ainda é, agora chama-se “Cine Livraria Cultura”.
Passando por lá sempre tomo
um Café Expresso no quiosque do
Viena no Conjunto Nacional e do próprio “Restaurante
Viena” com sua magnífica coxinha e seu inesquecível sorvete de creme que marcam
presença no Conjunto Nacional desde os anos 60. Tinha e ainda tem a “Livraria Cultura” onde eu gostava de
passar horas garimpando aquele livro que nem eu sabia qual era, mas que inúmeras
vezes eu saí de lá com ele! Havia também uma loja de discos que não me recordo
o nome, mas lembro-me que por lá encontrei muitos LPs e depois CDs.
Havia também uma loja da “Livraria Siciliano”, onde comprei
muitos livros naquela época. Fechou na década de 90.No saguão do Conjunto Nacional, era rara a semana que não tinha alguma exposição rolando, seja de fotos ou até de carros antigos.
Não posso deixar de citar também o “Restaurante Fasano” que infelizmente se mudou quando o edifício entrou em decadência no final dos anos 70. Hoje o Conjunto Nacional é um condomínio bem administrado e vem provar que responsabilidade, e competência, sempre dão bons frutos.
MASP -
Av. Paulista 1578 - Seu acervo cobre boa parte de obras artísticas ocidentais
dos últimos séculos. O museu foi uma realização de Assis Chateaubriand, Pietro
Maria Bardi e Lina Bo Bardi, esposa de Pietro e autora do projeto arquitetônico
do museu, que foi inaugurado em 7 de novembro de 1968, com a presença da Rainha
Elizabeth da Inglaterra. O terreno onde se encontra o MASP foi doado à
Prefeitura de São Paulo com a condição de que o que viesse a ser construído ali
não tampasse a vista para a serra da cantareira, por isso justifica-se o
projeto criativo de Lina, o prédio é sustentado por quatro pilares com um vão
livre de 74 metros. Lembro-me de que por volta de 1970 um candidato a algum
cargo público pixou o degrau do páteo do museu para a Av. Paulista, sendo logo
pintado com cal branca por funcionários do museu. Ocorre que pintavam em um dia
e no outro já amanhecia pixado pelos porcos candidatos, então Pietro Maria
Bardi logo depois de uma pintura, pegou na tinta e escreveu: "Merda"
antes que o degrau fosse pixado novamente. Foi o bastante para que fosse
indiciado numa delegacia próxima por atentado aos bons costumes. O ocorrido foi
bastante noticiado na imprensa, uma vez que nenhum candidato foi também indiciado,
por incrível que pareça, naquela época a sujeira dos candidatos era amplamente
tolerada.
Cine Gazeta – Av. Paulista 900 térreo, encontra-se fechado.
Cine
Top Cine – (Top Center) Av. Paulista 854 – Encontra-se fechado.
Cine Gemini – Av. Paulista 807 – Fechou em 2010.
Cine Biarritz – Av. Brigadeiro Luiz Antonio 2332 – Inaugurado na década de 70, fui muitas vezes nele, era confortável, mas não me recordo dos filmes que assisti por lá.
Cine Arlequim – Av. Brigadeiro Luiz Antônio 1401 – Neste só passei em frente, foi transformado no “Teatro Bandeirantes”. Posteriormente vi lá uma peça com o Juca de Oliveira mas não me recordo do nome.
Cine Rex – Rua Rui Barbosa 266 – Cinema grande, 1800 lugares, sala de espera enorme, fechou em 1980, depois “Teatro Zaccaro”.
Na próxima semana a Parte II – Av. São João e Região
Marcadores: Memórias
8 Comments:
adorei,
foram boas memórias as suas,
me fizeram viver algo que eu nunca tinha vivido conhecer São Paulo além de caos e transito me fez rir ..
O cine Biarritz ficava ao lado do
cine Paulistano. Teve várias fases,
uma delas...exibindo filmes pornôs.Depois foi transformado em
salão de danças, para a terceira idade.
Um dos bons filmes exibidos ali, foi
com Rod Taylor, 'O Jovem Sonhador"
(Young Cassidy). O Paulistano foi
inaugurado com "Um Convidado Bem
Trapalhao" com Peter Sellers.
O cine Biarritz ficava ao lado do
cine Paulistano. Teve várias fases,
uma delas...exibindo filmes pornôs.Depois foi transformado em
salão de danças, para a terceira idade.
Um dos bons filmes exibidos ali, foi
com Rod Taylor, 'O Jovem Sonhador"
(Young Cassidy). O Paulistano foi
inaugurado com "Um Convidado Bem
Trapalhao" com Peter Sellers.
Me lembro de quase todos esses lugares que frequentei nos anos 80 .
Na Sears eu ia direto ao subsolo para ouvir discos de graça até ter dinheiro para comprar algum.
Assisti muitos filmes nos cinemas da Paulista !
Havia também o Cine Lar, esquina da Av. Brigadeiro Luís Antonio x R. Cincinato Braga.
Na Rua Augusta, os cines Paulista (quase esquina com a Oscar Freire) e Marachá (baixo Augusta, próximo à Mathias Aires).
Hoje o Gazetao é o Reserva Cultural. O cinearte voltou a ser Cinearte, ao lado da Livraria Cultura. Temos o CineSesc, que já foi Cinema Um. Na praça Roosevelt havia os dois Cine Bijou. Frequentei muito, assim como o Belas Artes e os Gazeta. Na Paulista havia também duas salas do Gemini. Bons tempos! Isa Fonseca
Muita saudade dessa época.
Lembro-me como se fosse hoje que assisti ao Filme "Encurralado" no cine Biarritz. Pena que depois virou cine pornô.
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