8.4.23

Bondes que circularam em São Paulo

 

Foi em 1856 que em São Paulo, teve início a implantação de uma rede de bondes com tração animal.


A Cia Viação Paulista criou uma rede de linhas que pouco a pouco foram substituídas pela Light e o bonde elétrico, a partir de 1900. Mas só em 1907 se extinguiu a última linha de bondes com tração animal. Era da Empresa de Bondes de Sant’Ana e foram destruídos seus dois bondes pelo povo enfurecido devido aos péssimos serviços prestados.


A Primeira linha de bondes elétricos foi inaugurada em 07-05-1900. Saía do Largo de São Bento e ia até o Bom Retiro. A partir daí a The São Paulo Tranway Light & Power estendeu uma invejável malha de trilhos pela cidade.


Os primeiros bondes importados pela Light eram da empresa J. Brill & Co., mas desde 1904 já eram fabricados aqui pela própria Light, sendo importados só os motores.







Bondes sendo fabricados pela Light

Estes bondes em sua maioria tinham 2 motores, permitindo assim a operação em linhas onde não havia o balão de retorno. Rodaram até 1966 nas linhas 24-Belém e 30 Bosque. O de N° 1 encontra-se no Museu Gaetano Ferola. 

Em 1906 foi importado um bonde de luxo que era usado por autoridades em eventos públicos.



 Em 1910  havia um bonde que era alugado para casamentos e batizados


Em 1911 começaram a ser adotados os freios pneumáticos. Até então o freio era mecânico demandando uma grande distância para o motorneiro conseguir parar o veículo. Estes já tinham freio pneumático


Em 7 de julho de 1913 foi inaugurada a linha Sto. Amaro com os Bondes 2101 e 2103 de passageiros e 2001 e 2003 de uso misto adquiridos de J. Brill & Co.





Em 1933 foram incorporados a essa linha os bondes 2111, 2113 e 2115, eram maiores do que os importados em 1926 e foram logo apelidados de “Tubarão” pelos motorneiros.



Em 1916 foi criado o bonde para operários com passagem mais barata, apelidado pelo povo de Caradura.


Em 1917 começaram a rodar quatro bondes com 2 trucks, tendo um total de 8 rodas. O freio desses bondes ainda era mecânico. Em 1930 foram desmontados os quatro.


Note que tinham dois estribos, semelhantes aos que circularam em Santos.

Esta configuração de bonde com reboque, rodavam nas linhas mais extensas, 7-Penha e 66-São Judas.




Em 1927 começaram a chegar os camarões adquiridos no Canadá. Eram 100 unidades, numerados de 1501 a 1699. Os de N° 1503, 1531,1567, 1591, 1595, 1601, 1619, 1621 e 1645 rodaram até o encerramento da linha 101-Santo Amaro em 27-03-1968. O de N ° 1531, encontra-se no Museu Gaetano Ferola.

Este era o protótipo, não tenho confirmação se chegou a ser enviado ao Brasil









Esta foto, a única existente, mostra um camarão com um reboque na Av. São João, não consegui nenhuma informação sobre esta configuração.



Em 1926, a Light propôs à Prefeitura de São Paulo uma modernização nos transportes, criando o primeiro projeto de metrô na cidade. A Câmara Municipal rejeitou o projeto alegando que São Paulo era uma cidade muito pequena para tal obra. Percebe-se que desde aquela época, vereadores já trabalhavam contra o povo e o progresso.

Em 1937 a Light desinteressou-se pelo serviço de transporte de passageiros, comunicando a Administração Municipal que manteria os serviços até 1941. Posteriormente devido à Segunda Guerra Mundial os serviços foram estendidos até 1946.

Em 1947 foi criada a CMTC, que assumia então o serviço de bondes e encampava várias empresas particulares de ônibus que operavam na cidade.

A CMTC adquiriu logo que foi fundada, 75 bondes Centex. Foram usados na cidade de New York de 1933 a 1946 quando se extinguiu o serviço. 50 eram com carroceria de alumínio e 25 de aço. Eram numerados de 1701 a 1849. A tomada de força era no chão e foram adaptados com tomada no teto, razão pela qual só começaram a rodar por volta de 1949. Alguns tinham portas do lado esquerdo, em São Paulo nunca usadas e outros não as tinham.  O de N° 1789 encontra-se no Museu Gaetano Ferola e há mais um em Santos, aguardando restauro e provavelmente será incorporado à linha turistica. Estes bondes eram muito confortáveis e silenciosos quando comparados aos que rodavam até então na cidade. Tinham bancos estofados de palhinha e até aquecedores sob os bancos, que obviamente por aqui nunca foram usados. O motorneiro trabalhava sentado e para movimentar o veículo pisava em um pedal. Dessa forma se ocorresse qualquer imprevisto e ele tirasse o pé desse pedal, o veículo parava em seguida.


Bonde Centex rodando em Nova York em Dezembro de 1946

Bonde Centex chegando a São Paulo por trem.






Por volta de 1955 a 50 a CMTC reformou os antigos bondes abertos de dois trucks em bondes fechados bem semelhantes aos importados em 1927, que rodaram assim até a extinção do serviço na cidade.



Esta foto é polêmica, mostra um bonde camarão supostamente construído para a linha 101-Santo Amaro, note o farol, mas há informações que se trata de um Centex reencarroçado.

 

São Paulo chegou a ter 700km de extensão de trilhos de bonde em mais de 60 linhas, extintas para privilegiar o uso do transporte individual.

Por curiosidade, os motorneiros eram habilitados para o serviço. Havia a Carta de motorneiro.



Quanto ao Museu Gaetano Ferola, há uma preocupação do que será feito de seu acervo, uma vez que se encontra fechado e não mais aberto ao público. Tentei acesso à biblioteca desse museu, mesmo quando se encontrava aberto e nunca consegui.

 

Bibliografia:

Waldemar Corrêa Stiel - História dos Transportes Coletivos em São Paulo

Waldemar Corrêa Stiel – História do Transporte Urbano no Brasil

Fernando Portela – Bonde – Saudoso Paulistano

Site São Paulo Bondes 1957-1965

historiamundi.blogspot.com


Em preparo: Ônibus que circularam em São Paulo. Para setembro ou outubro.









2 Comments:

At 1:05 PM, Anonymous Anônimo said...

Muito bom conteúdo

 
At 7:19 PM, Anonymous Anônimo said...

Acho que há vários equívocos. Essas fotos são do Rio de Janeiro ou Santos. Que eu saiba em São Paulo nunca teve esse tipo de transporte.

 

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