O Bairro Mirandópolis II
Na Av. Jabaquara, 244, há o “Convento Sta. Teresa”
construído entre 1946 e 1948. Embora tombado, a Prefeitura da São Paulo
permitiu a construção de três prédios de apartamentos no entorno, completamente
à revelia da lei. Deve ter corrido muito dinheiro na mala preta. Lembro de
quando eu estudava no Colégio Arquidiocesano, por volta de 1953, nos levaram
numa excursão ali, onde havia uma fábrica de hóstias operada pelas madres. Saí
de lá com muitas máscaras de hóstia, que era o que sobrava depois do corte nas
prensas.
Na esquina da Av. Jabaquara há o excelente restaurante
“Osnir”. Lembro do Sr. Osnir quando começou em uma portinha na avenida, onde
está hoje o serviço de entregas. Foi ali que comi meu primeiro hambúrguer.
Falando do bairro de Mirandópolis, não podemos esquecer do ônibus 570-Praça da Árvore - Anhangabaú que tinha o seu ponto final ao lado da Drogasil. Descia a Rua das Rosas, Napoleão de Barros, cruzava a Sena Madureira, pegava a Rua Rio Grande, subia a Rua Rodrigues Alves, entrava na Rua Cubatão, descia a 13 de Maio, Brigadeiro Luiz Antônio, Rua Asdrúbal do Nascimento, fazendo o ponto inicial no Anhangabaú. Esta é a única foto que tenho conhecimento, este ônibus era dos primeiros, fabricado em 1959 e o local é o final da Brigadeiro Luiz Antônio.
Entrando na Rua das Rosas, no N° 50 havia o “Restaurante Rosinha”, pequeno mas tinha uma pizza muito saborosa. Havia uma janelinha que separava a cozinha do salão. Um dia eu estava lá com uns amigos e o cozinheiro era novo e não estava familiarizado com os termos de bebidas e pratos. Por isso os garçons viviam perturbando ele. Nisso um garçom gritou para a cozinha: - Meia de seda, que era um drink muito em moda na época. O cozinheiro rapidamente colocou a cabeça na janelinha e respondeu: - Meia de seda é PQP!
Em frente a Drogasil há a Banca Orissanga, onde comprei muitas revistas e coleções numa época que haviam muitas publicações
Falando do Bairro Mirandópolis, não esqueço da Paróquia de Sta. Rita de Cássia na Praça do mesmo nome (no mapa Praça das Flores). Naquela época a Praça chamava-se Potirendaba. E lembrando dessa paróquia, não esqueço do Cônego Olavo, que tive a honra de conhecer pessoalmente. Fundador e empreendedor da igreja fundada em 22/05/1960. Tinha um carisma excepcional e conseguiu arregimentar a todos em torno da construção da igreja. A missa das 10:00 horas no domingo atraia os jovens com um conjunto com bateria, baixo e guitarra elétrica.
Na
outra esquina com a Rua Senador Casemiro da Rocha, encontra-se até hoje a
“Padaria Santa Rita” com o melhor pão da região. Na época eram proprietários um
casal de portugueses, amigos de meu pai. Nessa época meu pai já estava
aposentado e como ex-proprietário de padaria, era sempre chamado para ajudar.
Na Praça Santa Rita, onde construíram recentemente um cachorrodromo, havia uma escola de madeira da Prefeitura de São Paulo, pintada de verde, como haviam muitas espalhadas pela cidade, todas com apenas 2 salas de aula. Havia também uma no fim da Rua das Hortênsias, perto de onde há hoje a Av. José Maria Whitaker.
Ao lado,
encontramos a “Igreja Metodista Livre” no N° 445. Muito mais antiga do que sua
vizinha do rito católico, há indícios de que tenha sido fundada nos anos 20. No
antigo casarão, antiga sede da igreja, quando eu era bem pequeno, lembro de ter
participado da Escola Dominical onde as crianças coloriam desenhos. Hoje nesse casarão há um bazar com roupas e objetos usados, todas as 5ª feiras.
No N°
446 há o Barber Shop do Agenor, que conheço desde os anos 80 no Bairro da Penha,
quando eu tinha um fliperama por lá. É uma amizade que prezo muito desde aquela
época.
Na esquina da Rua das Camélias, havia uma farmácia quando eu era criança que se chamava Droga Avanço, era do Sr. Adelino, mais tarde passou a ser “Farmácia Sassaki”. Tomei muita injeção ali também quando garoto. Posteriormente passou a ser “Droga Nossa” do Júlio, outra amizade que mantenho. Logo depois tivemos ali a "Colheita Orgânica" do Mauricio, que faz muita falta, no bairro não há nenhum lugar vendendo orgânicos. Hoje há uma distribuidora de Água Mineral no local.
Entrando na Rua das Camélias, no N° 571 havia a quitanda do Sr. Kiyomatsu, que tinha dois filhos. Um deles estava sempre ajudando o pai e o outro estava lá só de vez em quando. Ele era nada mais, nada menos que o Massafumi famoso terrorista procurado pela Ditadura Militar. Hoje há no local um “Sebo de Livros Usados com Café e vinho” recém instalado, muito bem organizado.
E aqui
encerro minhas memórias do bairro de Mirandópolis. Em breve postarei uma resenha sobre os bondes que circularam em São Paulo.